Azeredo, José Pinto

(1763 - 1807)<br />Físico-mor de Angola nascido no Rio de Janeiro, Brasil, único professor de medicina e fisologia de São Paulo da Assunção de Luanda, em Angola, com autorização da corte (1791). Formado em Coimbra, foi Cavaleiro da Ordem de Christo, Doutor em Medicina e sócio de várias Academias Científicas da Europa. Enviado a Luanda para trabalhar como formador de médicos, seu único aluno diplomado de medicina foi um farmacêutico que recebeu lições de anatomia, fisiologia, química, matéria médica e prática da arte, habilitando-o a curar de Medicina, lá mesmo, em Angola (1794), onde a falta de profissionais se fazia sentir tanto quanto nos demais domínios lusos. Esses tipos de cursos, criados em algumas possessões ultramarinas funcionaram, embora por pouco tempo, em Goa e em Luanda. Foram iniciativas infrutíferas e de repercussão local, para solucionaram a falta de médicos nas colônias. Mesmo o ensino de medicina de Coimbra, a única do mundo português do o século XVIII, não contribuiu em nada para os avanços da medicina mundial. Apenas Montpeilier e Edimburgo evoluíram e distanciaram--se na prática do saber médico, dando conhecimento científico de qualidade aos seus diplomados. O fracasso português foi em parte devido às proibições da Santa Inquisição, fortemente influente na península ibérica, que, por exemplo, só permitia demonstrações de anatomia analisando-se os órgãos de um carneiro. Era, pois, terminantemente proibido a dissecações em cadáveres humanos, prática fundamental para se estudar a anatomia humana. Assim a superstição e a ignorância aliadas à intolerância e ao fanatismo religioso tornaram-se eternos obstáculos para a evolução da medicina como ciência na coroa portuguesa e fez com que brilhantes profissionais, especialmente judeus, fugissem do reino com medo de perseguições e privando a universidade de Coimbra de evoluir nesta área.