Pedro Barateiro (n. 1979) é o artista português que mais tem recorrido a imagens de arquivo, nomeadamente a filmes de propaganda encomendados pelo Estado Novo que mostram obras de engenharia e de arquitectura, exposições pedagógicas, o quotidiano nas ex-colónias portuguesas. É um dos nomes mais atentos à forma como documentos, artefactos e objectos artísticos foram sendo apresentados ao longo do século XX - como se tem interessado pela forma como o mundo ocidental representou e assimilou outras culturas. Este artista, que já tem um assinalável percurso internacional - participou, por exemplo, nas últimas edições das Bienais de Berlim e de Sidney - desenvolveu para Serralves um projecto eminentemente relacionado com a construção da Casa de Serralves, com aquilo que esta pode significar em termos de representação social, de relação com o colonialismo, com o gosto pelo exotismo que imperava nas décadas de 1920-30 do século passado, e com o violento e utópico passado industrial que suportou ideológica e financeiramente toda uma concepção de luxo francês, especificamente os requintes da Art Déco.