Abílio da Costa Mendes Júnior nasceu em Barreiros, Maia, a 10 de Abril de 1911. Iniciou o Curso de Medicina na Faculdade de Medicina do Porto em 1931 e estreou-se na actividade política aquando da «oração pronunciada aos estudantes brasileiros». Sócio da Associação Profissional dos Estudantes de Medicina do Porto integrou a sua direcção em 1932 – 1933, participando na trágica greve em que morreu o estudante Emílio Branco, e sofreu pela primeira vez a agressão da polícia. Ainda na sua adolescência foi chefe de redacção do «Jornal da Maia» dirigido por António Macedo. Na Associação dos Estudantes de Medicina do Porto foi também director da revista »Gérmen». Por razões políticas – era conotado com os sectores hostis à Ditadura – e também porque a sua futura mulher Enid Augusta Teixeira veio morar em Lisboa, terminou o curso nesta cidade, onde se licenciou em 1936. <br /><br />Foi director da revista «Medicina», jornal de ciência, arte e humanismo, órgão da Associação de Estudantes, que teve a colaboração de grandes mestres da Medicina, como o seu mestre amigo Abel Salazar. Iniciou a luta activa contra a ditadura colaborando no Bloco Académico Antifascista, como representante da Faculdade de Medicina com Mário Dionísio, Manuel da Maia, Álvaro Cunhal e Casais Monteiro entre muitos outros. Soube mais tarde que o Ministro da Educação propôs a sua expulsão quando lhe faltava apenas uma cadeira para terminar o Curso. Valeu-lhe a acção de Celestino da Costa e de Barbosa Soeiro que convenceram o Ministro a deixá-lo concluir o curso e depois mandá-lo “ exilar”. Concorreu duas vezes aos Hospitais Civis e sempre bem classificado, o que lhe permitia a admissão imediata na carreira hospitalar, foi no entanto excluído por decisão ministerial, que o impediu de entrar na carreira hospitalar e na carreira universitária. Foi obrigado a fazer a sua formação de Pediatra primeiro em Santa Marta e depois no Hospital Dona Estefânia em regime de voluntariado, tendo sido posteriormente convidado pelo Professor de Pediatria Carlos Salazar de Sousa para assistente livre de Pediatria. Com este grupo da Faculdade de Medicina foi mais tarde abrir o Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria, continuando a ser sempre impedido pelo regime de entrar nos quadros dos Hospitais onde dedicou muitos anos da sua vida profissional, sempre como voluntário sem qualquer remuneração. Obteve o título de Pediatra pela Ordem dos Médicos. <br /><br />A ditadura impedindo-o de ensinar e de seguir a carreira hospitalar nos Hospitais de Estado levou-o a desenvolver a sua actividade de Pediatra no seu Consultório, como único meio de subsistência para si e sua família, tendo angariado ao longo um nome de grande prestígio. Já pediatra conhecido em Lisboa, em meados dos anos 60, foi convidado pelo então administrador da Companhia Nacional de Electricidade para organizar toda a parte de assistência infantil nos Serviços Médicos de Assistência da CNE e mais tarde da EDP (Electricidade de Portugal), tendo colaborado no Jornal do clube do pessoal da CNE com muitos artigos de Puericultura. Publicou diversos artigos de grande rigor científico em revistas de Pediatria, bem como vários depoimentos nos jornais República, Diário de Lisboa, Diário Popular. Colaborou ainda jovem médico com os editores dos livros da colecção Gleba e Sirius. <br />Fez parte de movimentos antifascistas como a Acção Democrata e Social, o MUD, e a Acção Socialista Portuguesa, em colaboração com Mário Soares, Ramos da Costa e Tito de Morais. Foi ainda fundador do Partido Socialista. <br /><br />A convite de Sotto Mayor Cardia candidatou-se à Assembleia Constituinte nas listas do PS. Em 1982 aceitou ser Presidente da Liga dos Direitos do Homem embora enfrentando enormes dificuldades sobretudo de carácter estrutural. Em 1990 recebeu a condecoração de Grande Oficial da Ordem da Liberdade pelo então Presidente da República Mário Soares.<br /><br /><br />Foi iniciado maçon na Loja Revoltando nº 463, da Maia, em 25 de Abril de 1933 com o nome simbólico de «Edison». Afiliado a 24 de Fevereiro de 1935 na Loja Revoltar, de Almada. desempenhou o cargo de 1º Vigilante e representante à Grande Dieta (1935). Manteve a actividade durante a clandestinidade, sendo regularizado em 6 de Novembro de 1963 na Loja José Estêvão, de Lisboa, da qual foi Orador e Venerável várias vezes antes e depois do 25 de Abril de 1974, sendo nomeado Venerável Honorário em 1980. Era, à sua morte, membro efectivo do Supremo Conselho do 33º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito para Portugal. <br /><br />Morreu em Lisboa em 4 de Junho de 1992.<br />A 5 de Junho de 1992, foi a sepultar no cemitério do Alto de São João, os elogios fúnebres foram proferidos pelo Dr. José Magalhães Godinho, membro do Supremo Conselho, e pelo Dr. Ramon de La Féria Grão-mestre do Grande Oriente Lusitano.<br />A 5 de Junho de 2010, a Câmara Municipal de Lisboa procedeu à atribuição do nome de Abílio Mendes a uma nova rua do Alto dos Moinhos.