Antónia Gertrudes Pusich nasceu na ilha de São Nicolau, no Outono de 1804, filha de uma senhora próxima da corte e de um ragusano ao serviço da Armada Portuguesa. Tendo passado a infância e a adolescência entre Cabo Verde e o Brasil, fixou-se definitivamente em Lisboa em meados dos anos 20. Terá sido por esta altura que debutou na poesia. Serão, no entanto, os anos 40 a marcar a sua projeção literária. Neles, escreveu várias peças de teatro, algumas obras de poesia, dois opúsculos de intervenção político-social e dois romances, entre os quais o que ora se publica. Foi ainda neste decénio que fundou o primeiro dos seus três jornais, A Assembléa Litteraria (a que se seguiriam A Beneficencia (1852) e A Cruzada (1858)), de todos tendo sido a diretora e principal redatora. Participou na campanha para as eleições de 1845, apelando ao voto em Costa Cabral, de quem era amiga. Maçona, intransigente católica e feminista, fez do direito das mulheres à instrução a sua principal cruzada. Embora alguns membros da família real e várias das principais figuras do mundo político e cultural da época integrassem a sua rede de relações, não deixou de sofrer severamente os efeitos da trajetória socioeconómica descendente da sua família, consequência da derrota dos realistas na guerra civil. Casou-se três vezes, nenhuma com o objeto da sua paixão (Rodrigo da Fonseca Magalhães). Teve pelo menos sete filhos. Morreu a 5 de outubro de 1883 e está sepultada no Cemitério dos Prazeres.