António Manuel Ribeiro nasceu em Almada no dia 2 de Agosto de 1954. Fez o liceu por lá quase sempre com distinção. Quando a opção se pôs, letras ou ciências, o jeito para o desenho e as boas notas a matemática levá-lo-iam, por sugestão paterna, a cursar arquitectura no velho D. João de Castro, à Ajuda. Resolveu chumbar no 7.º ano, porque os cristais e as fórmulas químicas obstruíam-lhe o caminho, retomando o 6.º de letras no regresso a Almada, porque a poesia, a literatura e os originais que ia escrevendo falavam mais alto. Barata Moura foi seu professor em OPAN, um suave agitador de consciências adolescentes ávidas. Nesses anos fronteiros à revolução de Abril vivia – bem – da pintura.<br />Com a democracia restabelecida e a tropa/guerra definitivamente afastada, entra na pior Faculdade de Direito de que há memória. Em 76/77 farta-se de tanta RGA, atravessa o relvado da cidade universitária e inscreve-se em filologia românica. Urbano Tavares Rodrigues é um dos seus professores.<br />Estagia então no trissemanário Record e por lá fica até 1980. No Bairro Alto, que há-de cantar, aprendeu a aceitar o risco rápido do lápis do chefe de redacção Paula Pereira: da primeira peça escrita nem o título restou. O puzzle da sua vida ia tomando forma.<br />Posta de lado a pintura, obrigado a trabalhar na Câmara de Almada para sustentar o primeiro filho e depois o segundo, vacila nos estudos. A música ajudou, tomando o centro da sua vida. As guitarras, os primeiros grupos, os equívocos de um país em construção, alimentam uma tenacidade e um propósito que vencerá todas as adversidades.<br /><br />Os UHF, formados em 1978, partem para a corrida da música pop/rock deste país com os seus “Cavalos”, e não mais vão parar. Envolvidos no esforço diário de ser e teimar tocar, ignoram que estão a fundar o mais importante movimento de renovação da música portuguesa pós Abril de ‘74: nada ficará como dantes, erguendo-se uma indústria, porque o rock vingou e se tornou português.<br /><br />É por esta altura que decide rasgar os primeiros dois romances que escrevera no fim da adolescência – “por serem demasiado premonitórios”, dirá.<br /><br />Ainda entrou na política, sempre como independente e humanista, até que se fartou, desiludido com a avidez e mediocridade que formatam os partidos.<br /><br />Ao longo dos anos manteve a escrita de crónicas para jornais e rádios. Ajudou a fundar duas piratas onde assumiu programas de autor – a rádio é uma paixão.<br /><br />Assina mensalmente uma coluna de opinião no semanário digital Setubalnarede, onde se diverte.<br /><br />É autor de textos, que vão da música ao futebol, dispersos por vários livros.