A gramática racionalista na Península Ibérica (séculos XVI-XIX)

Duarte, Sónia
Ponce de León, Rogelio

As relações culturais entre Portugal e Espanha têm sido, nas últimas décadas, objeto de atenção e de investigação de um considerável número de estudiosos - não só portugueses ou espanhóis -; tal não parece, contudo, ter-se verificado, pelo menos até à década passada, no âmbito da historiografia linguística: estudos sobre, por exemplo, a receção da tradição gramatical espanhola em Portugal ou da correspondente portuguesa em Espanha, até há relativamente pouco tempo, eram, na ótica mais otimista, escassos. Para este panorama - de desânimo... - é possível que tenha contribuído certo desconhecimento dos factos históricos - obras, autores, contextos sociopedagógicos - no país vizinho, bem como da literatura científica, publicada de ambos os lados da fronteira, na área, acima referida, da historiografia linguística. É verdade, todavia, que esta situação, felizmente, tem vindo a mudar, desde há alguns anos, com a celebração de congressos, colóquios e encontros, decorridos em Portugal ou em Espanha, ou mesmo noutros países, onde alguns investigadores - em número cada vez maior - têm aprofundado e discutido aspetos de relevo no atinente à inter-relação de ideias e correntes gramaticais no contexto peninsular.
Precisamente com o intuito de favorecer, entre os especialistas, o mútuo conhecimento do pensamento linguístico em Portugal e em Espanha, reúnem-se neste volume oito estudos que analisam a incidência e o desenvolvimento dos postulados racionalistas - entendidos estos num sentido o mais lato possível - durante os séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Os trabalhos aqui apresentados, em suma, pretendem ser um humilde contributo para um melhor conhecimento da origem e da evolução, em Portugal e em Espanha, de uma corrente gramatical tão decisiva no contexto europeu, como foi, com efeito, a gramática racionalista.