A tatuadora

Silveiro, João

Clara vive com a missão de eternizar, na pele daqueles que a procuram, os seus desejos e devaneios, angústias e esperanças, traços de si próprios e máscaras que, apesar de belas, escondem mais do que revelam. No seu estúdio, recebe indivíduos de toda a espécie, desde seres superficiais que procuram na tinta um perpetuar da sua inconsciente alienação, até aos humanos mais puros, onde cada traço desenhado é carregado de essência.
Por vezes, quando seres desta subespécie em vias de extinção lhe batem à porta, Clara absorve um pedaço das suas almas, e carrega-as consigo... até à cama, onde repousa e cai num sono merecido. E aí, eles aparecem, os símbolos tatuados nos corpos visitam esta mulher em sonhos, como que revelações, que premeditam o destino de quem os carrega em si.