BorderCrossings : leituras transatlânticas, 7

Freitas, Vamberto

O contacto, desde cedo na Califórnia, com uma sociedade multicultural, onde coexistiam múltiplos universos simbólicos, códigos culturais e estilos de vida, proporcionou a V. Freitas um elevado grau de autorreflexividade idêntitário-cultural. Pois, como afirma E. Glissant (1995), é "[n]a Totalidade — Mundo, [que] eu me transformo trocando-me com o outro, permanecendo eu mesmo, sem renegar-me, sem diluir-me, e é preciso toda uma poética para conceber estes impossíveis". Ora, foi nesta relação poética e dialógica com o "Outro", que o crítico literário desenvolveu um vasto repertório hermenêutico — cultural.
Em suma, Vamberto Freitas tornou-se num dos mais distintos intelectuais açorianos dos séculos XX e XXI. O seu contributo na afirmação dos estudos culturais açorianos como "estudos étnicos" conferiu-lhe um papel destacado tanto nos Açores, como na diáspora. Face às perplexidades e labirintos culturais emergentes da sociedade global, Vamberto Freitas propõe um círculo hermenêutico aberto, que não só adote uma postura simultaneamente crítica e cumulativa, como também instigue uma reactualização e reinvenção constante do «imaginário cultural açoriano