Cartas perdidas

Figueiredo, Augusta

A vida de Silvana, Adelino, e do professor João, três jovens apaixonados pelo passado da Casa da Cruz do Diabo, como lhe chamam os aldeãos, ficam irremediavelmente ligadas a este velho casarão que se ergue no cimo da aldeia, mas o seu verdadeiro nome, do qual já ninguém parece lembrar-se, é Casa das Camélias. Diz-se no povoado que a mansão está assombrada, e os camponeses juram a pés juntos que, nas madrugadas mais sombrias, vagueia por aquele casarão uma jovem... a quem, a medo, chamam “A Rapariga do Vestido Lilás”. Dizem ser uma alma penada, que espera encontrar alguém que há muito tempo perdeu. Até que um dia descobrem no interior da mansão e num velho jazigo umas estranhas cartas que parecem ter sido escritas em 1866.
Os destinos de Silvana, do professor e de Adelino acabam por ser arrastados para um inevitável turbilhão de sentimentos, que os leva para os sinuosos caminhos da paixão.
Silvana tem agora o seu olhar preso em Vila Nova de Santo Sepulcro, quando repara que na rua caminha apressadamente um jovem, bem parecido, entroncado, de cabelos acastanhados e fartos. Na mão direita tem um pequeno molho de cartas, envelhecidas, amarrotadas e maltratadas pelo tempo, envoltas por um baraço de palha. O jovem abandona a vila e começa a dirigir-se, com nervosismo, para a Casa da Cruz do Diabo.