Editorial: Editorial Minerva (Portugal)
Número de páginas: 101 págs. 21.0 cm
Fecha de edición: 01-01-2012
EAN: 9789725918234
ISBN: 978-972-591-823-4
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Cavalo Alado, Cavalo branco, alado / fora do meu jardim! /Aqui, só os unicórnios / podem pastar! - palavras de uma poética povoada por seres míticos, subitamente alados ou lentamente terrenos, cruzam-se desde este primeiro poema do livro também intitulado «Cavalo Alado», de José Júlio, configurando, logo à partida, dois paradigmas de distanciamento e oposição entre, por um lado, o dizer dos lugares e dos objectos presentes e, por outro lado, o sugerir dos sentimentos voláteis das vivências já idas. Estes dois paradigmas, longe de se manterem paralelos, cruzam-se e descruzam-se ao longo do livro, delineando como que uma longa história de vida, sempre interrompida pela intromissão desse nevoeiro da memória que revisita o breve momento do real, transformando-o em longa crença antiga.
A evocação do passado e os momentos de lembrança, caprichosamente, levam a temática da ilha (com seu mar, seus barcos, seus pássaros, seus cânticos, suas orações e suas palavras antigas, suas manhãs, suas noites, suas nostalgias e seus crepúsculos), a cruzar-se com a temática do sentimento amoroso, sendo este assumido pelo sujeito lírico com uma coragem de murmúrio secreto, quase confessional, que parece surgir do corpo ou da pele, tal como a poesia da pós-modernidade se atreveu a esboçar, e que a temática dos poetas, neste nosso século vinte e um, assume já sem pudor. Assim, a poesia de «Cavalo Alado» alia a descrição dos lugares à pureza da confidência do sentimento e, ainda, à sensualidade e beleza da sugestão dos corpos, que vivem uma sexualidade quase eufemística quando aliada à memória, ao desejo ou à referência cénica do quotidiano.