Chovia naquela noite de breu

Costa, Aurélio Monteiro da

Em plena Segunda Guerra Mundial, Carlos, jovem agricultor de Arouca, explora clandestinamente volfrâmio nas montanhas circundantes. Os preços do minério atingem então valores especulativos, propiciando a alguns um enriquecimento rápido. Simultaneamente, a pobreza grassa em Portugal e as vicissitudes da guerra fazem aumentar o desemprego e agravam as condições de vida já miseráveis da população. Bernardo, um jovem da alta burguesia portuense, educado em Inglaterra, conhece Carlos e tornam-se amigos e companheiros na luta anti-regime. Carlos é preso por causa da sua atividade ilegal e cumpre um ano de prisão. Bernardo solidariza-se com ele, arranjando-lhe advogado e visitando-o na cadeia. Salazar marca eleições para Novembro de 1945, dando pouco mais de um mês de preparação à oposição, que desiste à boca das urnas para não legitimar a farsa eleitoral. Carlos e Bernardo são presos. Bernardo é solto de imediato. Carlos é torturado pela PIDE e condenado a cinco anos de prisão, que cumpre em Peniche, em condições infra-humanas, não beneficiando nessa altura da solidariedade de Bernardo. Após sair da prisão, Carlos sente que está só. Alguns familiares tinham morrido, outros emigrado. Não tinha amigos, ninguém.