Editorial: Mundos Sociais
Colección: Questões de partida
Número de páginas: págs.
Fecha de edición: 16-06-2014
EAN: 9789898536358
ISBN: 978-989-8536-35-8
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Europa, tal como tende a pensar-se hoje, resulta de uma relativamente longa construção social. A cultura europeia judaico-cristã-greco-romana permitiu, em tempos medievais, que se encontrasse uma síntese harmoniosa. Nessa base, foi edificada uma civilização própria, marcada pelo humanismo, pela racionalidade, pela ciência, pela espiritualidade, pela liberdade e pela democracia.
A dificuldade em pensar a Europa atual reside na necessidade de conciliar os resultados desse processo. A situação apresenta-se como paradoxal. Desde os tempos modernos, se vem esboçando, aqui e além, a ideia de uma federação ou confederação de Estados reunidos pelo pensamento comum de civilização, ao mesmo tempo que os Estados integrantes teimam em afirmar a sua plena soberania. A época contemporânea vê-se face a diversos dilemas cuja dificuldade de solução concorre para a atual crise de consciência em que a Europa se encontra mergulhada.
O prestígio da ideia de Europa conheceu a sua melhor época quando saía dos escombros de uma guerra devastadora, depois de o nacionalismo ter levado ao dilaceramento de inteiras nações. No início do processo, despertou-se para as suas raízes comuns e para uma racionalidade promissora de unidade. A força aglutinadora vinha então da necessidade de pacificação de um continente ensanguentado.
A Europa vem dando mostras de desagregação. A própria cidadania europeia, por mais que seja propalada, é ainda uma relativa miragem. Um tal estado de coisas é tributário de uma indefinição do seu modelo político. Para além de dever ser pensada como una na sua pluralidade, precisa a extensão da cidadania de ser acompanhada de uma suficiente identidade, que seja base da sua solidariedade comum.