Editorial: Deriva Editores (Portugal)
Número de páginas: 112 págs.
Fecha de edición: 01-10-2013
EAN: 9789729250996
ISBN: 978-972-9250-99-6
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Nessa época fui trabalhar para longe, um sítio urbano, mas agreste. Não respirava nem ar de cidade nem de campo, a atmosfera era em mim um peso abafado, de exalações entorpecidas a corroerem por dentro as divisões da hospedaria, o meu quarto.» É a poética muito própria de Catarina Costa que assim se exprime, sendo criada por estranhas linhas que se interceptam e cruzam em cidades imaginadas, estruturas urbanas constituídas por centros e arrabaldes, campos que sugerem proximidades contraditórias, que se relacionam com vultos que agem e se movem num aparente caos, metáfora da modernidade.
Não deixa de ser notável que a autora consiga de um modo tão eficaz ligar ruas, espaços, escadas, janelas, soleiras, vultos esquivos que se movem à noite, envoltos em halos de luz, mas com o aviso do tempo sempre presente, fustigado em cada criação poética. Tempo e luz, acção e claridade apresentam-se quase sempre, na poesia de Catarina Costa, como uma dialéctica necessária ao poema. Será por isso que diz: «Os espaços, os objectos, o próprio horizonte estão dentro da nebulosidade própria de uma época e só os reconhecemos pelo hábito de darmos forma ao que nos rodeia.