Ecce homo

Leal, Luís Miguel Proença

A religiosidade tradicional toma forma num reportório de práticas ligadas ao mundo do vivido, nos seus dramas e ameaças, mas também na expressividade festiva das manifestações que celebram a graça recebida. Trata-se, assim, de uma espiritualidade sensível, que mobiliza a experiência sensorial e emocional, o corpo e os afectos, inscrevendo a pequena narrativa do quotidiano crente na grande narrativa da salvação. Nas práticas devocionais e rituais do arquipélago dos Açores, a figura do Ecce Homo dá testemunho desse encontro entre o drama humano e a memória da Paixão de Jesus Cristo. O trabalho de Luís Leal ensaia uma leitura teológico-prática dessas manifestações de espiritualidade, tomando-as como um lugar de enraizamento cultural do evangelho cristão