Elementos de história da filosofia medieval

Coutinho, Jorge

Jorge Coutinho escolheu para o seu manual uma perspectiva predominantemente cronológica, sem omitir partes mais temáticas, como a relação entre razão e fé, as disputas entre dialécticos e anti-dialécticos ou a controvérsia dos universais, encadeando tudo numa perspectiva criteriosa e coerentemente integrada. Na impossibilidade de tratar de toda a ampla diversidade do pensamento medieval, Jorge Coutinho concentrou-se em duas tradições filosóficas indiscutivelmente relevantes, a patrística e a escolástica. É sabido que a primeira influenciou de modo decisivo a segunda e esta, por sua vez, a filosofia moderna e a filosofia contemporânea (...) Compreende-se, assim, a acertada escolha do Prof. Coutinho em conceder, no seu manual, um relevo central a Agostinho e a Tomás de Aquino, como picos destacáveis entre os pensadores da patrística e da escolástica, respectivamente, sem deixar, todavia, de aludir a autores como Boécio, Pseudo-Dionísio, João Escoto Erígena, Anselmo de Cantuária, Boaventura e Alberto Magno (...) Em todas estas temáticas abordadas Jorge Coutinho evidencia uma persistente busca de rigor e cuidado conceptual, uma grande amplitude e abrangência na compreensão das questões a tratar (...) Em diálogo com a história da Filosofia, ele identifica possibilidades e limites dos conceitos e da linguagem, deixando abertura do pensamento e do fenómeno sobre o qual quer dizer...
Cremos, pois, que o presente manual expressa bem o inestimável contributo do espírito medieval para a elaboração das grandes ideias da reflexão filosófica perene, constituindo, portanto, um precioso instrumento de estudo, não só “para uso dos alunos”, como também para todos aqueles que se queiram abalançar na estimulante aventura do conhecimento da história da filosofia medieval.