Filosofia da paisagem

uma antologia

Serrão, Adriana Veríssimo (ed.)

Durante séculos os estudos da paisagem repartiram-se entre a geografia física, na descrição objectiva das regiões da Terra, e a história das ideias artísticas, que a acentuava no lado subjectivo de uma representação e interpretação do mundo.
A partir do ensaio de Georg Simmel (1913) a paisagem passa a ser entendida como categoria do pensamento humano, uma forma cultural de aprender a natureza enquanto paisagem.
Assumindo como critério a precedência – real e conceptual – da paisagem sobre as paisagens, a presente Antologia apresenta um conjunto de autores que na esteira especulativa aberta por Simmel prosseguiram um pensamento da paisagem ou contribuíram com definições precisas para a sua dilucidação. Provenientes da filosofia, mas também da geografia, da geografia cultural e da arquitectura paisagista, todos eles tratam a paisagem como realidade mista, ao mesmo tempo objectiva e subjectiva, e em articulação com a vida.
Transitando do estatuto secundário de “panorama”, “vista” ou “enquadramento” – noções associadas a uma consideração pictórica e cenográficas – para uma concepção abrangente como lugar natural e espaço da vida humana, a categoria de paisagem tem vindo nas últimas décadas a solicitar à filosofia o repensar dos seus princípios e a redefinição de algumas da suas áreas: a ontologia, na determinação da essência e das qualidades intrínsecas da paisagem; a estética, quando atende aos diferentes modos de apreciação e valoração; e a ética, ao tomar posição sobre o sentido, as possibilidades e os limites do agir humano na natureza.