Gaiola de Fantasmas

Honório, Cecília

Num registo regido por planos narrativos e temporais alternados, reescreve-se a história de Portugal, em tom distópico. Revolução, regimes ditatoriais e corrupção pautam esta narrativa carregada de subtilezas. «Não deixei, ao longo dos anos, de sonhar com o senhor que morreu ao cair da cadeira, sempre aterrorizada pela dúvida: se era a cara fria dele, a cara de morto que tinha sempre visto na televisão, porque é que o morto-vivo e o vivo-morto tinham a voz do padre António?! E o fantasma tinha sobrevivido à Revolução, Salazar e o pároco boiando em fragmentos no nevoeiro dos meus terrores noturnos da adolescência. E só muitos anos depois é que eu percebi que os cravos não matam os fantasmas.»