Martins, Vítor
Ribeiro, Ana Valente
(il.)
Editorial: Gradiva
Número de páginas: 184 págs. 27.4 x 20.7 cm
Fecha de edición: 01-05-2017
EAN: 9789896167608
ISBN: 978-989-616-760-8
Precio (sin IVA): 25,30 €
Precio (IVA incluído): 26,31 €
Gardunha - Um Belo Pedaço do Mundo de Vitor Martins, antigo Secretário de Estado para os Assuntos Europeus, de 1985 a 1995 e um apaixonado pela serra da Gardunha onde tem raízes familiares, é um guia que estende a mão e leva o leitor, com ele, Gardunha adentro.
Passando pela geografia, pela morfologia e geologia da Serra, pela sua atmosfera, água e flora, pela hidrografia e fruticultura, Vítor Martins traça um retrato minucioso da Serra da Gardunha ainda que muito pessoal confessando as emoções que o tema sobre qual escreve lhe provoca. Como refere Álvaro Laborinho Lúcio no Prefácio da obra, Victor Martins apresenta neste seu livro "um belo pedaço do mundo". Tal como ele, a sua leitura da Gardunha revela uma inteligência, uma cultura e uma sensibilidade raras, visíveis sem exibição, contidas na exuberância, mas sempre presentes.
Os pilares que Umberto Eco, na esteira de outros anteriores, erguia para sustentar o conhecimento em arte, estão aqui, perfeitamente identificados: inteligência, moralidade e sentimentalidade. a primeira, enquanto vigilância crítica, revela-se em toda a obra, mas encontra dimensão superior no modo como o autor cruza o sagrado e o profano na edificação de uma identidade serrã feita de diversos que se unificam para se encontrarem no espaço largo de uma cultura capaz de casar o erudito e o popular. A preocupação ética, visível no cuidado em evitar concessões fáceis numa narrativa carregada de emoções, aí está para garantir o pressuposto da moralidade.
Valeria aqui sublinhar o cuidado, ao aludir às características do Homem da Serra, em não cair numa descrição centrada na dimensão popular, mais de natureza etnográfica, chamando aquelas à manifestação do carácter e da personalidade, buscando para enquadrar um e outra, o fenómeno da emigração durante o tempo da ditadura, principalmente na década de sessenta do século passado. Finalmente, a sentimentalidade.
Vítor Martins não nega a emoção com que trata a sua Gardunha. e ainda bem que o faz. É essa emoção que dá credibilidade definitiva ao seu trabalho. É essa emoção que a Gardunha convoca. Sem ela, apenas uma parte da Serra se captará. Veja-se as suas referências a Castelo Novo. Quem pode não se emocionar diante dele? Quem pode conhecê-lo sem esse apelo irrecusável à sentimentalidade.