Montes, António José Borges Mesquita
Editorial: Chiado
Colección: Compendium
Número de páginas: 700 págs.
Fecha de edición: 01-11-2017
EAN: 9789895206261
ISBN: 978-989-52-0626-1
Precio (sin IVA): 17,25 €
Precio (IVA incluído): 17,94 €
Em 1990 estávamos na sexta década de existência da Casa do Douro.
O passado, por si, era bastante para que ela usufruísse de todo o respeito - e admiração até – de quem nos governava. Mas, infelizmente, da inveja de muitos outros.
A Casa do Douro, única “organização corporativa” que passou incólume as consequências da revolução de Abril, continuava a desempenhar, no Douro e junto dos viticultores, as suas funções de equilíbrio da Produção.
Mesmo quando, tendo surgido tal oportunidade, tomou a decisão de integrar parte do capital da Real Companhia Velha, empresa centenária dedicada à comercialização do Vinho do Porto.
Que não tinha em vista apenas o usufruto de interesses comerciais, mas, exclusivamente, abrir canais de comercialização directa aos inúmeros viticultores que, já nessa altura, haviam decidido comercializar directamente e sob marcas próprias a sua produção.
O projecto era aliciante, questão era que os próprios produtores acreditassem nele.
Foram mais fortes aqueles que, receosos das boas perspectivas daí advenientes que se adivinhavam, tudo fizeram para que tal projecto não fosse em frente; e não foi mesmo.
Decorrente deste desaire, surgiu na “classe política” de então a oportunidade de finalmente poder pôr fim “ao reinado da Casa do Douro” que já vinha de há décadas.
À classe política que integrava o Governo de então não foi difícil encontrar argumentos a começar no endividamento da Instituição.
E ser bem o pensou, de imediato passou ao ataque, exigindo a regularização do passivo da Casa do Douro junto das instituições bancárias nas quais o Estado intervinha como avalista. Questão que até teria sido muito mais fácil de conseguir se o Estado, nessa altura, tivesse assumido, também, a dívida que ainda hoje mantém para com a Casa do Douro, conforme conclusão de estudo então feito e em que ela está perfeitamente especificada e quantificada.
Mais uma vez aqui se cumpriu o velho ditado: “...olha para o que eu fiz, mas não olhes para o que eu faço...”.
Aqui, e assim, se iniciou, como tantos desejavam, o descalabro da Casa do Douro, obra dos Paladinos que ao Douro, aos seus Viticultores e ao País prestou sempre serviços de valor incomensurável.