Editorial: Imprensa de Ciências Sociais
Número de páginas: 346 págs. 23.0 x 15.0 cm
Fecha de edición: 01-04-2025
EAN: 9789726710901
ISBN: 978-972-671-090-5
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A oposição ao Estado Novo contou também com a participação das mulheres. Pode mesmo dizer-se que houve um protagonismo feminino singular, tanto na área das actividades humanitárias, pacifistas e feministas, como na acção mais explicitamente política. Através das histórias de vida de algumas mulheres das classes médias urbanas, a autora observa as circunstâncias em que aquelas despertaram para a política e iniciaram o seu envolvimento oposicionista, analisando também o modo como estas actividades e preocupações influenciaram a sua vida familiar e quotidiana.
Mulheres em Tempos Sombrios é uma obra pioneira sobre a resistência feminina ao salazarismo. Concentrando-se no período entre 1945 e o início das guerras coloniais, em 1961, este livro representa, contudo, um fresco analítico mais vasto, que vai desde a emergência do feminismo republicano às organizações de mulheres do Estado Novo e ao papel das mulheres na resistência antifascista, fundamentalmente associada ao Partido Comunista Português e à chamada «oposição democrática». Deve--se, aliás, ao PCP e à mobilização política de mulheres associadas aos grupos sociais populares a sua integração organizativa e associativa na luta contra a ditadura. Mas a inovação do estudo de Vanda Gorjão é a de ter mobilizado «histórias de vida» de um grupo significativo de mulheres ativistas, permitindo ilustrar o seu percurso social, político e ideológico. Esta dimensão é central para a análise da relação entre a agenda política antifascista e democrática e a agenda feminista, sempre presente ao longo da obra, e que marca a evolução destas ativistas da classe média, socializadas em ambientes familiares republicanos e antifascistas, que vão ser a espinha dorsal de um ativismo que mescla a componente republicana liberal-democrática com a comunista. O livro de Vanda Gorjão, pela sua inovação analítica e riqueza empírica, tem um lugar cimeiro no ciclo de estudos sobre a participação de mulheres, quer nas organizações e instituições durante a ditadura, quer no seu papel na resistência ao Estado Novo.