Editorial: Rosa de Porcelana Editora
Número de páginas: 582 págs. 23.3 x 15.9 cm
Fecha de edición: 03-01-2022
EAN: 9789898961303
ISBN: 978-989-8961-30-3
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António Leão Correia e Silva, em Noite Escravocrata | Madrugada Camponesa - Cabo Verde séc. XV - XVIII, analisa um processo de mudança social que cobre três séculos, o que demandou um enorme esforço de mobilização de fontes e uma não menor capacidade de formulação de hipóteses explicativas.
Este é também um trabalho dedicado à genética de identidades, pois nele se explica como o cativo africano (jalofo, serere, banhu, mandinga, bijagó, sape, etc) se tornou um escravo cabo-verdiano e o nobre reinol, um proprietário fundiário e armador de Santiago. Na História Social das ilhas nada se perde, como na Lei de Lavoisier. Tudo se transforma.
Baseados na proximidade geográfica e na similitude climática, os colonos europeus puderam reproduzir nos três arquipélagos do Norte (Madeira, Açores e Canárias) o modelo de sociedade existente na Península Ibérica, mas não o lograram no do Sul. Cabo Verde foi o lugar onde as linhas de continuidade foram quebradas sob o peso da diversidade do clima e da atratividade do comércio com a Guiné. Com isso, abriu-se - pela primeira vez - o espaço à construção de uma sociedade de domínio europeu e predomínio africano. Uma sociedade que definimos como escravocrata, agroexportadora, mercantil, crioula e euro-africana.
Cabo Verde constituiu também o local onde este tipo de sociedade faliu precocemente, tornando-se maioritariamente camponês, bem antes da abolição da escravidão. Esta saída, além de precoce, foi rara no mundo atlântico, pois o mais comum foi a proletarização dos ex-escravos e seus descendentes, sem subverter a economia de plantação do período anterior.
Foi sobre este legado de falência antecipada dos agroexportadores escravocratas, provocada pela tenaz resistência dos escravos e forros e pelos draconianos monopólios metropolitanos, que foram fincadas as estruturas profundas da atual sociedade cabo-verdiana. É a noite escravocrata gerando madrugada camponesa, de Santo Antão à Brava.