Telo, António José
Sousa, Pedro Marquês de
Editorial: Fronteira do Caos Editores
Número de páginas: 502 págs. 29.7 x 21.0 cm
Fecha de edición: 02-05-2016
EAN: 9789898647542
ISBN: 978-989-8647-54-2
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O CEP é um caso de estudo ideal, pois não só é em quase tudo o contrário do que deve ser uma força militar, como ilustra muito bem a complexidade das relações entre o interno e o externo, os políticos e os militares, os militares de carreira e os restantes, os grandes e os pequenos poderes. É igualmente ideal para estudar inúmeros aspectos da arte militar, como a liderança, as operações conjuntas e combinadas, as tácticas e o planeamento.
Simplesmente, o CEP não foi criado como “caso de estudo”. Ele foi a maior força expedicionária que Portugal enviou para a Europa, para participar na maior guerra da humanidade (até então), na frente mais exigente, no período mais intenso e no combate decisivo (em Março – Abril de 1918) entre os dois melhores exércitos da altura (GB e Alemanha). Em termos da arte militar de Portugal, o CEP é um empreendimento de grande envergadura, um caso raro de empenhamento nacional na frente mais exigente de uma guerra global.
Podemos ainda acrescentar um outro aspecto que torna o estudo do CEP fascinante: é que apesar da sua importância e significado, até hoje, passados já 100 anos, a visão que se tinha sobre ele estava envolta em profundo nevoeiro, tão espesso como aquele que protegeu as tropas alemãs no fatídico dia 9 de Abril.
Sobre o CEP caiu desde o primeiro momento um imenso véu de mentira, que se tornou na verdade oficial, não permitindo entender o que ele foi, tanto em termos políticos como militares. Se isto aconteceu durante um século, metade de ditadura, é certo, mas metade de democracia à portuguesa, é porque as forças, hábitos e mentalidades que criaram o CEP continuam vivas e activas, prontas a silenciar quem se afaste da verdade oficial.
Esta é a outra e inesperada dimensão do CEP: coloca-nos perante os dilemas de fundo da sociedade portuguesa, as nossas próprias limitações, as razões porque continuamos a ser uma democracia incompleta e limitada, tal como acontecia em 1914, mas com métodos diferentes.