O estranho terrível outro

Santos, Agostinho

Os rostos que Agostinho Santos propõe para debater o cancro elencam, inevitavelmente, a profusão de experiências. [...] Os doentes, na verdade, são de todas as maneiras, ainda que todas as maneiras os apartem de nós quando o que mais tentam é identificação, proximidade, entendimento, porque só assim se cria algum tipo de aceitação. Agostinho Santos traz sua visão do circo humano para a dura realidade dos que lutam por uma cura que não é garantida, e o circo humano, já sabemos, faz alarde do que exubera, do que espanta, do que nos espanta tanto por folia quanto por fúria, tanto por folia quanto por tristeza. [...]
O trabalho que Agostinho Santos traz é um convite ao entendimento e à inscrição. Inscrever aqueles que sentem que poderão ser apagados do colectivo. Apagados dos direitos. Apagados dos afectos. Apagados da justiça. Estes desenhos são o colectivo, o direito, o afecto, a justiça possível. O susto e a beleza que há a todo o instante.