Editorial: Porto Editora
Colección: Elogio da sombra
Número de páginas: 52 págs. 19.8 x 16.0 cm
Fecha de edición: 01-05-2019
EAN: 9789720031570
ISBN: 978-972-0-03157-0
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Precio (IVA incluído): 13,16 €
O que sucede à arte de Isabel de Sá é um bizarro modo de dúvida. Seja na poesia ou nas artes plásticas, a autora coloca-se como alguém perplexo perante o passado mais ávido ou empenhado, como assumindo que, na verdade, sendo tudo tão inevitável, não mudará nada.
O mundo, afinal, segue à revelia da arte, por mais utopias que se possam nutrir. Neste sentido, Isabel de Sá não destrói a sua arte, não destrói o passado, mas tem a coragem assombrosa de se tornar distante, de se acusar como autora tornando-se sua própria contestatária. Vai ao longe de si mesma e não aceita qualquer deslumbre. Quando antes se debatia frontalmente com os nervos de protestar, interferir, hoje ironiza qualquer fúria e possibilidade de inscrição.
Estrear um livro em 2019, recolhendo o muito raro que foi escrito em década e meia, é prova do que se diz atrás. O real, feito do concreto de viver, cheio de comezinho e alterações de planos, acaba por se impôr. Arrasa tudo. A arte, de algum modo, sendo maravilhosa e indutora de satisfações, não se lhe sobrepõe. É uma patologia pela qual temos maior ou menor consideração, conforme a qualidade de maior ou menor lucidez que saibamos exercer.