Editorial: Faculdade de Filosofia, Universidade Católica Portuguesa
Número de páginas: 844 págs. 22.8 x 16.0 cm
Fecha de edición: 26-07-2017
EAN: 9789726972747
ISBN: 978-972-697-274-7
Precio (sin IVA): 74,75 €
Precio (IVA incluído): 77,74 €
Homero conserva, com a Ilíada e a Odisseia, as primeiras composições poéticas da Literatura Grega, um estatuto ímpar na história do Ocidente. Desde o início matéria de eleição dentro das fronteiras estreitas da Hélade e nos círculos amplos de influência da cultura grega, o poeta e a obra tornaram-se o verdadeiro guia espiritual da Antiguidade, e pilares nucleares de toda a cultura ocidental. Representando um extraordinário começo sem precedentes, os primeiros documentos escritos da Literatura europeia permitem reconstituir a imagem diáfana de um longo percurso precedente de tradição oral. O surpreendente reconhecimento de que o mais antigo marco da literariedade ocidental tem natureza oral foi proposto pelos Prolegomena ad Homerum de Wolf, no final do séc. XVIII, e cientificamente fundamentado, desde a primeira metade do século XX, pelas investigações sistemáticas de Milman Parry e dos seus sucessores. Toda a investigação filológica tem sublinhado desde então nos Poemas as marcas estruturais de uma poesia composta e transmitida oralmente, e, por isso, enquadrada numa categoria peculiar da literariedade. Centrada nos reflexos iniludíveis de uma peculiar técnica de composição — pela qual, recorrendo a um conjunto de fórmulas fixas repetidas, criadas colectivamente, mantidas através de complexos mecanismos de memorização (sem a ajuda da escrita, ao menos na fase inicial da concepção), e transmitidas tradicionalmente, de geração em geração — a investigação tende a reconhecer nos Poemas Homéricos uma obra fluida, que ultrapassa o poder de inventiva e de criação de um poeta como os que conhecemos, e se desvia incontestavelmente, como objecto de fruição estética, de todas as restantes criações poéticas que nos foram legadas por séculos de cultura literária escrita. Sendo, pois, o primeiro produto da literariedade, eles condensam ainda o resultado do seu próprio passado pré-literário. Ainda que historicamente documentado — por volta do final do séc. VIII ou inícios do séc. VII a.C.— o aparecimento isolado dos Poemas Homéricos configura um enigma sem precedentes. É esse enigma que nos propomos desvendar com este livro.