Posso dar-te uma palavra?

Inácio, Elisabete

Genuína e verdadeira. Reveladora e surpreendente. Despida e vulnerável. A Elisabete desnuda-se quando escreve. Todas as suas roupas se desfazem, descosem-se, descolam-se, derretem-se, destapando o peito, descobrindo o caminho do seu coração. Compõe, assim mesmo, frágil, à mercê dos olhares dos seus monstros, mergulhando num mar de afetos no qual, amiúde, se deixa quase afogar. Vai daí, segura a caneta como se fora uma boia de salvação e agarra-se ao papel, ao literal e ao figurado, mas mais importante: ao seu papel de perpetuadora do amor e combatente do desamor. Ou não fossem estas emoções os denominadores comuns desta obra. Desengane-se, porém, quem busca lamechice. Ainda está a tempo de desencantar um outro livro, prolixo e sem encanto. Aqui há amor do verdadeiro, do incondicional, do platónico, do bom e do mau, do romântico e do castrador. (...) A presente obra encerra igualmente uma banda sonora. No fim de cada narrativa, uma cantiga espreita, olha-nos nos ouvidos e pede-nos que a ouçamos, do mesmo modo que um bom vinho, daqueles com um final de boca persistente, almeja harmonizar-se com um prato de assinatura.