Macedo, Eunice
(ed.)
Editorial: Afrontamento
Colección: Biblioteca das ciências sociais ; 38. Ciências da educação
Número de páginas: 376 págs. 23.5 x 16.5 cm
Fecha de edición: 01-10-2024
EAN: 9789723620580
ISBN: 978-972-36-2058-0
Precio (sin IVA): 27,72 €
Precio (IVA incluído): 28,83 €
Primeiro que tudo, importa notar que o projeto se centra numa questão fundamental do nosso tempo. O insucesso e o abandono escolar constituem uma dimensão central das desigualdades que marcam as sociedades contemporâneas e se a redução recente deste fenómeno - particularmente célere no Norte de Portugal, e para a qual muito têm contribuído projetos como este - é evidente, em termos quantitativos, não são menos dramáticos os seus efeitos individuais e coletivos.
Tal como mostraram, há muitos anos, autores como John Dewey, António Sérgio, Pierre Bourdieu ou Paulo Freire, entre outros, esse insucesso e abandono escolar profundos estão enraizados num modelo escolar que promove a uniformidade, a conformidade, a hierarquização e a reprodução, quantas vezes com base em normas arbitrárias, nas antípodas dos princípios de liberdade, diversidade e inclusão que orientam e animam os indivíduos, em sociedades democráticas.
Para que a escolaridade obrigatória não seja uma violência sobre uma parte dos jovens, mas sim o exercício de um efetivo direito, é preciso construirmos uma escola em que efetivamente todas as crianças e todos os jovens se desenvolvam e se enriqueçam enquanto pessoas e cidadãos, na sua singularidade. No entanto, se a mudança da escola, no sentido de superar esta contradição, tem sido sucessivas vezes reivindicada, mais difícil é construí-la num tempo de tanta descrença e, para isso, é fundamental fazê-lo na prática quotidiana, com aqueles que são os principais protagonistas da educação, os professores e os alunos.
É neste sentido que o projeto, evitando os diagnósticos fatalistas ou as lições descontextualizadas (mesmo se sob a fórmula benévola de boas práticas) se centra na identificação e análise de práticas promissoras em contexto, ou seja, práticas construídas com os agentes locais e com as quais podemos todos aprender, mas cuja transferência entre contextos nunca pode ser automática.