Editorial: Tinta da China
Número de páginas: 120 págs. 20.0 x 14.5 cm
Fecha de edición: 01-05-2019
EAN: 9789896714895
ISBN: 978-989-671-489-5
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Assombrações, assombros, monstros, monstruosidades vulgares, eis algumas das criaturas que povoam a mais recente colectânea de Eucanaã Ferraz. A natureza de tais figuras, incluindo a sua natureza histórica e ontológica, é a mais diversa. Há funâmbulos, gémeas siamesas, cães bicéfalos, «hóspedes» nocturnos ou emanações do remorso e da desgraça como La Llorona. E também membros-fantasma, tragédias em fait-divers jornalísticos, escuras sombras brasileiras. Em qualquer dos casos, a inquietude e a disforia são evidentes, de tal modo que até as bem-aventuranças bíblicas se vêem impugnadas: «Pouca sorte têm os pobres de espírito / porque foram expulsos do reino // [...] Pouca sorte têm os misericordiosos / porque foram devolvidos à própria sorte». Multímodo, irrequieto, o livro inclui igualmente experimentações formais e musicais, poemas conjugais, homenagens portuguesas, mas há um espectro pertinaz que o assombra. E até pode ser o espectro material e comprovável da idade, ou do tempo, como esses retratos sem retoques, retratos com erro, e verdadeiros talvez por causa dos seus erros: «o que vibrava agora é vidro opaco / agora é o tempo do verso estragado / pela ilusão de nos bastarmos nele».