Editorial: Palimage Editores
Colección: Palavra poema
Número de páginas: 80 págs. 21.0 x 14.0 cm
Fecha de edición: 26-06-2016
EAN: 9789897031540
ISBN: 978-989-703-154-0
Precio (sin IVA): 15,80 €
Precio (IVA incluído): 16,43 €
Certo de que a poesia não se faz de bons sentimentos, mas com palavras, Rasteiro pode bem fazer a encenação de toda a Literatura, falando de Borges, como se metonímia fosse:
Serenamente, como se detivesse todo o tempo
do mundo e toda a luz do astro-rei
Jorge Luís Borges lavou toda a biblioteca
mergulhando os livros em água de rosas brancas,
era o tempo do expurgo,
há de certeza maneiras bem piores
de nos despirmos da inutilidade dos dias
passados em improfícuas quimeras.
*
Ah, só o livro «História Universal de la Infâmia»
Escapou ao genocídio das limpezas
Nessa nebulosa aurora de 6 de Agosto de 1945
quando Buenos Aires ainda abria a noite
pois «os poetas, como os cegos, podem ver no escuro»
Levamo-nos a sério e a ironia é essa. É que os outros (os que detestam a poesia) sabem que dementes e visionários – os poetas - são «novas estirpes de borboletas» (que palavra esta... subtil sarcasmo...) e estão entre o inferno e o céu. Como Rilke podem, se quiserem, assinar uma realidade nova. Esta não serve, diz João Rasteiro. É demasiado eloquente. Por isso a necessidade do poema: instaura o ruído. É motim.”