Santo André e o complexo industrial de Sines

Martins, Guilherme Câncio

A Cidade Nova de Santo André permanece como uma das mais importantes realizações urbanas em Portugal no séc. XX. O seu relativo esquecimento mantém velado este tesouro a céu aberto. Do ponto de vista da organização física, o modelo de decisão e a metodologia de trabalho organizado no seio do GAS (1973- 1986), continuam a ser património pouco conhecido.
Este documento agora editado é decisivo para sustentar Santo André como entidade urbana, na sua dimensão científica e prática. Sob o conceito de Cidade Nova e referenciada nos mestres do Instituto de Urbanismo de Paris, Lefebvre, Auzelle e João Faria da Costa, Santo André resulta numa ação de dimensão territorial, articulando técnicas e conceitos de grande relevância para os estudos urbanos.
A lição desta Cidade Nova é o desenho de uma estratégia em que a organização do espaço resulta essencialmente num plano que caracteriza e define onde não se constrói: as áreas de protecção ambiental e os novos métodos de cartografia são os instrumentos vitais deste legado urbano, realizado em equipa multidisciplinar integrada.
50 anos depois, O Projeto de Sines parece ganhar novos propósitos. Um tempo em que, por isso, Santo André, a cidade dos trabalhadores do Projecto Portuário e Industrial de Sines, enfrenta desafios que devem colocar em maior evidência a sua matriz de pensamento rigoroso e fundamentado.
A partir da sua dimensão teórica, a escassa evolução urbana/demográfica desde a extinção do GAS mantém intacta a sua raiz e as possibilidades de ser a base de novas fases de consolidação e revisão.