Editorial: Novembro
Número de páginas: págs. 23.4 x 15.0 cm
Fecha de edición: 01-04-2024
EAN: 9789893560419
ISBN: 978-989-35604-1-9
Precio (sin IVA): 25,20 €
Precio (IVA incluído): 26,21 €
Neste ano, em que se celebra os 50 anos do 25 de Abril começo a sentir um crescendo de saudade e de esperança e o desejo de habitar este espaço e este tempo, com intensidade, todos os dias, certa de já não poder viver a festa do centenário. Estremeço, porque não consigo pesar este tempo e apenas sinto que, estes 50 anos, passaram depressa demais. Há cinquenta anos eu era uma criança e vivia num país, neste meu país, em ditadura. Se tenho memórias? Sim, tenho. Se senti medo? Sim, senti o medo nos adultos que me rodeavam. Se os meus filhos sentem o 25 de Abril como eu sinto? Não, não sentem, nem podem sentir. Quem já nasceu em liberdade, não sente a falta do que sempre teve. Mas é importante ter conhecimento da história e, sobretudo, de criar a perceção de que a liberdade nunca está definitivamente conquistada.
Esta obra pretende celebrar o lado mais romantizado de Abril, que começou por ser um breve instante de coragem e de loucura. Um momento disruptivo entre o passado e o presente. Um momento continuado por estes cinquenta anos.
Para nós, tudo começou assim: “Aqui posto de comando do movimento das Forças Armadas...". Era o primeiro de muitos comunicados dos militares que fizeram o 25 de Abril e que foi lido pouco depois das 4 da manhã, no Rádio Clube Português, pelo jornalista Joaquim Furtado que se encontrava de serviço nessa noite e, inesperadamente, viu os estúdios tomados por oito militares. E continuava: “O Movimento das Forças Armadas apela para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas nas quais se devem conservar com a máxima calma.”
Nestes 50 aos construiu-se um regime político assente na Democracia: constitucional, representativa, direta, social, defensora da separação de poderes e do primado da lei. Todavia, a democracia não é um regime perfeito, desde logo porque é uma construção política do homem e é prosseguida e exercida por homens e eles, já sabemos, não são (não somos) seres de perfeição. A democracia também não é o destino, mas a viagem e por isso, em face de constrangimentos, mudanças, desvios, alterações várias, tantas vezes, nesta caminhada, é necessário, com mais ou menos intensidade, impor correções para, então, continuarmos no caminho desejado de uma sociedade livre, igual, inclusiva, justa, solidária e desenvolvida. Uma sociedade que acima de tudo, não esqueça as gerações mais jovens. Uma sociedade que não permita que um em cada três jovens, nascidos em Portugal, deixe o seu país.
É urgente continuar a cumprir Abril. Este, é o desejo de Paulo e de Clara, os personagens deste romance que nunca desistiram do seu sonho!