Tamanha Vastidão

Miguel Torga 1950, Portugal 2025

Belo, Duarte

Em 1950, Miguel Torga publica Portugal. A obra faz uma síntese do que é o país, em 14 capítulos, do Minho ao Algarve, isolando as cidades do Porto, Coimbra e Lisboa. Sagres, o último capítulo, é o promontório sacro que avança, metaforicamente, sobre o mar, a enunciar, talvez, as ilhas atlânticas dos Açores e da Madeira. Há um capítulo dedicado ao litoral, como se esta fosse uma linha que dá coerência a um país profundamente diverso.
Como podemos hoje, 75 anos volvidos, interpretar visualmente a obra de Miguel Torga?
Tamanha Vastidão desenvolve-se em duas unidades estruturais. A primeira, e mais significativa, mostra fotografias a preto-e-branco das décadas de 1980 e 1990. São lugares onde, de algum modo, se nota o tempo longo. Em contraposição a este olhar, seguindo a mesma ordem por regiões, são mostradas fotografias atuais de cidades portuguesas onde é notória uma acentuada homogeneidade do espaço urbano. De regresso a um lugar primordial, haverá, por fim, um conjunto de imagens de paisagens vazias de marcas de povoamento humano.
É o retrato possível, breve, de um país difícil de apreender.